Paulista: duas caras de uma mesma avenida

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Diego Smirne
Mel Pinheiro
Mariana Vick

Entre pessoas apressadas, sinais abrindo e fechando, pedestres atravessando as ruas segurando copos de café, falando ao celular, conversando com os amigos, que se encontram. Nas calçadas, o oferecimento de vários produtos se misturam com mesas de bar, violões e violinos, passos de vários tipos, rodas, fotos e músicas. A Avenida Paulista é um mundo, é a diversidade, é o trabalho e o lazer, o turismo e a rotina, que caminham juntos por todos os seus dois quilômetros e meio e quinze quarteirões.


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Trabalho na Avenida Paulista há quatro anos, e antes de frequentar o lugar todos os dias, pensava o quanto seria legal trabalhar por aqui. Algumas coisas eu ainda aproveito muito e foram acima da minha expectativa, outras nem tanto. Por exemplo, a variedade de lugares para almoçar e visitar durante os períodos de folga são um ponto positivo para sair um pouco da rotina diária. Porém, algo que incomoda bastante é a quantidade de pessoas para lá e para cá, o que em dias mais corridos pode atrapalhar bastante. Outro empecilho são as constantes manifestações que acontecem por aqui, que por mais que sejam por motivos justos, atrapalham a volta para casa.”

Maurício Garcia, 27 anos, publicitário


Cartão-postal mais conhecido da cidade de São Paulo, a Avenida Paulista virou não só o polo econômico e financeiro da capital, mas também lugar essencial da cultura e entretenimento. Destino turístico mais procurado de quem visita a metrópole, o endereço já foi cenário de produções para o cinema e televisão. Desde 2015, a movimentada avenida ganhou uma nova faceta aos domingos, com o programa Paulista Aberta, que permite a livre circulação de pedestres ao fechar a avenida para carros e ônibus, todos os domingos das 10h às 18h. O programa foi uma conquista de mobilização de diversas organizações que buscavam a criação de um novo espaço de lazer e convivência na cidade de São Paulo. Desde então, a população tem acesso a duas Paulistas diferentes, que se encontram e desencontram no ritmo alucinante da maior capital do Brasil.


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“A primeira vez que visitei a Paulista Aberta aos domingos foi um choque. Mas um choque agradável. Afinal de contas, é muito louco você andar por meio das ruas que você é acostumada a ver há tanto tempo cheia de carros. Mesmo trabalhando aqui todos os dias, gosto muito de visitar a avenida aos domingos, já que é um ótimo lazer para mim e minha família. Meus filhos adoram andar de bicicleta na rua, já que é tão raro encontrar lugares assim na cidade que não sejam parques. Ao vê-los, é como voltar no tempo da minha infância que eu podia também brincar na rua. Se a Paulista nos dias de semana representa toda a correria e tempos modernos, a Paulista Aberta aos domingos reflete a nostalgia de tempos de outrora de uma forma surpreendente.”

Flávia Sandra Fernandes, 35 anos, diretora de RH


A primeira vez que a Paulista foi fechada para os carros e aberta para o público foi no dia 28 de agosto de 2015. A data também marcou a inauguração da ciclofaixa na avenida, outro passo importante para a mobilização na cidade. Projeto implantado durante a prefeitura de Fernando Haddad, o programa foi resultado de um ano de mobilizações. Em agosto de 2014, o movimento SampaPé! foi responsável por criar uma campanha unindo as pessoas que tinham o desejo de ver a Paulista aberta exclusivamente para pedestres aos domingos. A partir daí, a mobilização começou a ganhar força e diversas atividades foram feitas para pressionar as autoridades, como a ocupação de uma faixa da calçada da Avenida Paulista com apresentações lúdicas, promovendo a causa ao chamar a atenção da mídia e da prefeitura da cidade, que começou a fazer eventos teste.


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“Não costumava visitar a Avenida Paulista antes dela ser aberta aos pedestres aos domingos. Mas desde a primeira oportunidade que tive, me tornei frequentador assíduo da Paulista Aberta. Lá você encontra de tudo: desde várias bicicletas, até manifestos, grupos de dança, museus, feirinha, shopping. É como se fosse um lugar que recebesse todas as tribos de braços abertos, uma experiência imperdível.”

Tomás Bento Silva, 19 anos, estudante de Farmácia


A prática de se fechar grandes avenidas para os carros, dando preferência para os pedestres utilizarem as vias aos fins de semana em outras capitais espalhadas pelo mundo, como Paris e Madri. Além de oferecer o uso do espaço para o lazer, os programas adotados nas cidades europeias também contribuem para diminuir o trânsito caótico, além de reduzir a poluição. De acordo com a agência de notícias Deutsche Welle, aos domingos, quando diversas ruas da capital francesa ficam fechadas, as emissões costumam cair de 20% a 40%.

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